CINCO LIVROS PARA VOCÊ SE APAIXONAR PELA LITERATURA
NACIONAL
Quando
falamos em literatura nacional, logo nos vem à mente, clássicos como: O Cortiço
de Aluísio Azevedo, Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, Vidas
Secas de Graciliano Ramos, entre outros que, sem dúvidas possuem grande
importância para nossa literatura. Contudo, o cenário nacional está repleto de
novos autores, com histórias surpreendentes e envolventes. Confira abaixo a
lista com cinco livros nacionais que todos deveriam ler:
Eu Receberia as Piores Notícias dos seus
Lindos Lábios - Marçal Aquino
CLASSIFICAÇÃO
INDICATIVA: 14 ANOS
A trama se passa no interior
do Pará, onde existe um grande conflito entre garimpeiros e donos de
mineradora, além de uma nebulosidade que paira sob a vida dos moradores dessa
cidade. Nessa narrativa, vamos conhecer Cauby, um fotógrafo que foi ao Pará
para concluir um trabalho, mas acaba prolongando sua estadia.
A estadia de Cauby se
prolonga mais ainda quando ele se apaixona por Lavínia, uma mulher forte, de
beleza inconfundível e que muda completamente sua vida, porém, Lavínia é casada
com o pastor da cidade, Ernani. Lavínia, além de sedutora, é cheia de mistérios
a cerca do seu passado e sofre de transtorno de personalidade, o que deixa
Cauby confuso.
O livro é dividido em quatro
partes – Na primeira conhecemos a história de Cauby e Lavínia e como se
conheceram e como foram os primeiros meses do romance. Na segunda parte, vamos
conhecer o passado de Lavínia e o que desencadeou seu transtorno de
personalidade e como ela acabou casando com Ernani, o pastor, que embora tenha
40 anos a mais que ela, teve a melhor intenção quando decidiu se casar. Na
terceira parte temos o desfecho, mas é ai que Aquino nos surpreende com uma
reviravolta final.
A narrativa é real e fiel ao
que se propõe Aquino não deixa nenhuma lacuna na sua história, que é envolvente
do começo ao fim.
Feliz ano velho -
Marcelo Rubens Paiva
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA:
14 ANOS.
É um romance autobiográfico, publicado em
1982, que retrata a vida de um jovem de vinte anos que é transformada
completamente após um acidente em uma lagoa. Um pouco antes do ano novo,
Marcelo viaja com seus amigos e durante a viagem ao se deparar com uma lagoa, o
rapaz resolve subir em uma pedra e saltar na lagoa, o que ele não imaginava era
que ficaria tetraplégico e é a partir dai que o autor narra sua trajetória após
o acidente.
Marcelo é bastante claro e direto, contando
sem arrodeio toda a sua vida, não ficando preso apenas ao acidente, que -
apesar de ser o principal - aborda também sua infância, peripécias típicas da
juventude, assuntos políticos, o desaparecimento do seu pai durante a Ditadura,
Rubens Paiva, que foi um ex-deputado levado pela policia militar e nunca mais
voltou para casa.
Ao longo do livro acompanhamos a recuperação
de Marcelo, mas também seu amadurecimento diante da sua nova realidade. Como
ele teve que lidar com as dificuldades e as várias idas e vindas ao hospital,
como cada pequeno movimento do corpo era uma vitória.
“Qualquer pessoa que está dentro de um
Profundo sofrimento, à beira da morte,
Ou sei lá o quê, fica mística. Nessas horas
A gente apela para tudo. Não que eu tenha
Me convertido à religião católica, mas estava
Acreditando nas simpatias, nas abobrinhas
populares.”
Pág.45
Dois irmãos - Milton
Hatoun
CLASSIFICAÇÃO
INDICATIVA: 16 ANOS
O romance foi publicado nos anos 2000 e conta
a relação conturbada entre dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, em uma família de
origem libanesa que vivem em Manaus.
Omar era o irmão caçula dos gêmeos, mimado, agressivo, irresponsável e era
constantemente protegido pela mãe, Zana, o que deixava Yaqub irritado, que por
sua vez era o oposto do irmão: responsável, estudioso, mas que nutria um rancor
pela mãe, por sempre proteger Omar. Eles tinham mais uma irmã, Rânia, que possuía uma admiração muito forte
pelos gêmeos.
Conforme vão crescendo, a rivalidade entre os
dois só aumenta, chegando ao ponto do pai Halim, mandar os dois para o Líbano,
mas a pedido da mãe, apenas Yaqub viaja, alegando que Omar está com a saúde
debilitada. Após cinco anos, Yaqub retorna, mas não consegue perdoar a mãe.
Halim por sua vez era um homem cansado que
sempre deixou claro que não desejava ter filhos, mas, sua paixão por Zana era
maior, satisfazendo assim, suas vontades. Halim vive em uma eterna nostalgia
dos tempos em que não era pai e não precisava disputar o amor de Zana com Omar,
seu filho preferido.
O
narrador da história é Nael, filho da empregada Domingas, uma moça órfã que foi
vendida a família depois de viver um tempo em um internato. O olhar do narrador
sob a trama é importantíssima, pois Nael deseja saber sua verdadeira
identidade, buscando descobrir quem é seu pai biológico.
Milton
Hatoum ganhou o prêmio Jabuti em 2001, o prêmio mais importante da literatura brasileira,
Dois Irmãos é o segundo romance publicado pelo autor.
Quarenta dias - Maria
Valéria Rezende
CLASSIFICAÇÃO
INDICATIVA: 14 ANOS
Vai
contar a história de Alice, uma professora de Francês aposentada que vive em
João Pessoa, onde tem uma vida pacata. Alice tem uma filha que mora em Porto
Alegre com o marido.
Um dia Alice vê sua vida mudar completamente,
quando sua filha, a pede para ir morar com ela em Porto Alegre para ajudar a
criar a futura neta, alegando que ela já está aposentada e não tem mais nada
para fazer, pois não quer deixar com babás ou creches e ela e o marido não
possuem tempo para ficar com a menina, já que são professores universitários.
Então, Alice é obrigada a ir para Porto Alegre e deixar toda sua vida em João
Pessoa para recomeçar no sul.
Ao chegar a Porto Alegre, Alice descobre que
a filha e o marido vão viajar para a Europa e vão passar seis meses ou mais
para estudar. Sem alternativa e em uma cidade completamente estranha, ela cede
aos desejos da filha. Contudo, a jornada de Alice dá mais um reviravolta quando
Elizete, uma prima de João Pessoa liga pedindo para que ela procure Cícero
Araújo, filho de sua manicure, que foi a Porto Alegre para trabalhar e não deu
mais notícias.
Sendo assim, Alice sai em
sua jornada de quarenta dias pelas ruas de uma cidade desconhecida, apenas com
um caderninho na mão de páginas amareladas, com a imagem da boneca Barbie na
frente, onde ela relata toda sua trajetória.
K. Relato de uma busca -
Bernardo Kucinsk
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS
É um
relato da busca de um pai pela sua filha desaparecida durante o Regime Militar
no Brasil. K é o personagem principal, imigrante polonês que ao perceber o
desaparecimento de sua filha, Ana Rosa Kucinski, Professora Doutora de química na Universidade de São Paulo, inicia
uma busca incansável pelo seu paradeiro.
Durante sua busca, K, começa a perceber que o desaparecimento de sua
filha está ligado ao Estado, aumentando sua angustia, pois o silêncio e censura
instaurada durante o Regime Militar dificultava mais ainda sua procura. Assim, ele
começou a se aprofundar mais na vida de Ana para tentar descobrir o porquê de
ela ser levada pelos militares. Ana era casada com um militante comunista e
simpatizar com a ideologia, o que era proibido pelo regime.
Com o passar do tempo, K se da conta de que
não encontrará mais sua filha com vida, então começa mais uma luta: a de
encontrar seu corpo para poder enterra-la com dignidade. O pai vê-se impotente
diante das lacunas deixadas pelo regime, que simplesmente sumiam com os corpos,
perpetuando um silêncio perturbador para aqueles que tiveram seus familiares
levados.
Em um trecho do livro ele faz uma dura
crítica a Comissão dos Direitos Humanos:
“Ao falar da ditadura, K. lembra-se com desgosto da
Comissão de Direitos humanos da OEA que rejeitara sua petição de modo
muito cínico. Disseram que, segundo o Governo brasileiro, nada constava
sobre a filha. É claro, foram perguntar aos bandidos se eles eram
bandidos. A Cruz Vermelha recebeu-o bem, anotaram os dados e prometeram
iniciar uma busca. Mas ao que parece não esperam muito de sua seção
brasileira.” Pág.55.
O livro abrange um tema muito forte que de
certa forma foi esquecido pelos brasileiros, como o próprio autor fala no
livro, o Brasil sofre de um mal de
Alzheimer nacional, como se tivessem apagado essa época tão obscura do
país. Chegando até a idolatrar torturadores, vendo- os como heróis nacionais.
PARA VER
A feiticeira da Guerra (Rebelle)
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 14 ANOS.
É um filme canadense que retrata a vida
sofrida de Komona, uma adolescente africana de quatorze anos que foi raptada da
sua aldeia pelo exército rebelde para virar combatente em uma guerra que para
ela, não tem o menor sentido.
A maior guerra que Komona precisa travar é
entre ela e a vida, ela precisa sobreviver em meio a esse caos que a cerca,
sendo obrigada a matar os pais aos doze anos de idade. Quando é raptada, Komona
acaba ficando mais próxima de um dos rebeldes, O Mágico, um negro albino que
lidera o grupo e possui um ar místico, que para eles, O Mágico possui poderes
de proteção.
No longa é mostrado como as crianças são
forçadas psicologicamente a endeusar as armas que usam, é o Deus Kalashnikov, que está acima de tudo e de todos – “Cuide
da sua arma como se ela fosse seu papai e sua mamãe”.
O filme é todo narrado por Komona, mas em voice-over, em momento algum se vê a
personagem falar de fato, sempre surge calada. Ao quatorze anos, ela engravida
e passa a contar para o filho, ainda em seu ventre, como ela foi parar na
guerra e como os acontecimentos de sua vida a moldaram.
Para
Ouvir: Ana Cañas
É uma cantora e compositora brasileira, um
dos novos nomes da MPB. Ana começou sua carreira em 2007 com o lançamento do
álbum ‘’Amor e Caos’’, com composições
autorais, chegando a ser indicada como a grande promessa da música brasileira
pelos críticos. Em 2009 lançou o álbum ‘’Hein?’’
Que mostrou um lado diferente de Ana, que acrescentou a sonoridade do rock a
suas músicas, além de ter a participação de Gilberto Gil e Arnaldo Antunes em
cinco faixas. Nesse mesmo álbum a música Esconderijo
foi o grande sucesso da cantora até então, sendo trilha sonora da novela
“Viver a Vida’’ da Rede Globo. Seu disco mais recente foi intitulado de ‘’Tô na Vida’’, que foi uma parceria
entre Ana e Lúcio Maia (Nação Zumbi), sendo o primeiro disco da cantora com
todas as faixas autorais.
Foi considerado pela crítica como seu melhor
álbum. Conheça abaixo uma das faixas que integra o disco, a música “Hoje Nunca Mais”: