SEMPRE TRABALHEI COM
AMOR
Antes de mais nada, se queremos ser amigos do
verdadeiro bem dos nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é
indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida
juventude. Ela sempre foi o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e
do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação
salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a
minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil
encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la.
Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar
os que resistem do que corrigi-los, suportando os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados
por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga,
conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que
agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mal humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os
quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu seviço, assim como Jesus, que
veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos
possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é
para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos;
tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A
afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns
causava espanto, em outros escândalo, mas em muitos infundia a esperança de
receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos dele a ser
mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda
cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de
tal modo que pareça totalmente dominada.
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no
olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais se
conseguirem uma verdadeira correção.
Em
determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato
de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a
quem as ouve e não e não tem proveito algum para quem as merece.
São João
Bosco – Dom Bosco (1815-1888), citado em: "Liturgia das Horas-vol.
III", páginas 1225-1226, Ed.Vozes/Paulinas, 1996.