Incêndio no
Museu Nacional
E como essa tragédia mexe com a história brasileira
O Museu
Nacional é a instituição cientifica mais antiga do Brasil, vinculado a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) foi considerado um dos maiores
museus de história natural e antropologia das Américas. Fundado por D. João IV
para promover o progresso cultural e econômico do país, o palácio foi
residência da família real portuguesa de 1808 a 1821 e também abrigou a família
imperial brasileira de 1822 a 1889. O museu abrigava mais de 20 milhões de
itens em seu acervo nos campos de ciências naturais e antropológicas, também
possuía diversos itens provenientes de todas as regiões do planeta e artigos
produzidos por civilizações antigas, incluindo o crânio de Luzia, o fóssil mais
antigo da América Latina que possuía cerca de 11.500 anos. As coleções eram subdivididas em: geologia,
paleontologia, botânica, zoologia, arqueologia e etnologia.
Os
departamentos acadêmicos do museu desenvolviam atividades por todo o país e em
outras regiões do mundo, incluindo as antárticas. Também possuía uma das
maiores bibliotecas com especialização em ciências naturais do Brasil. Eram
oferecidos cursos de especialização, extensão e pós-graduação e o museu também
realizava atividades educacionais voltada para o público. Apesar de representar
grande importância na questão cultural e educacional, o museu sofria com falta
de investimento e verba para melhorar a estrutura nos últimos anos.
No dia 2 de Setembro de 2018, um incêndio de
grande proporção atingiu a sede do museu destruindo quase todo o acervo em
exposição; o prédio que abrigava os artefatos também sofreu graves danos como:
rachaduras, queda das lajes internas e o desabamento da cobertura.
Manifestantes aproveitaram o feriado de 7 de Setembro para manifestar em frente
ao palácio contra a ruptura da identidade nacional; índios da Aldeia Maracanã
também participaram dos manifestos, estima-se que 20 mil itens pertencentes aos
primeiros habitantes do país foram destruídos.
“O
museu enquanto espaço educativo virou cinzas. Não há palavras para avaliar o
estrago que isso causará na memória das futuras gerações, dos que nunca sequer
terão acesso a esse acervo que já foi o maior da América Latina e o quinto do
mundo”, relata Claudio Honorato, pesquisador do Instituto de Pesquisa e Memória
dos Pretos Novos, no Rio de Janeiro. O museu teve um corte de verba de 77% e os
próprios funcionários alertavam sobre um possível incêndio devido aos fios que
estavam expostos e a estrutura do palácio que estava ruindo.
Infelizmente
no Brasil não há uma preocupação para dar prioridade a museus e centros
históricos que são de extrema importância para a educação. O governo é
negligente com o passado; as verbas que deveriam ser vistas como investimento –
que de fato são – para o governo não passam apenas de gastos. Isso nos traz a
tona a PEC241 que define um teto de gastos por 20 anos para educação e saúde.
Com o cenário atual não temos ideia de como estará a educação daqui 20 anos,
mas se continuarmos negligenciando o nosso patrimônio, estamos caminhando para
nos tornamos um país sem cultura, arte, educação e sem identidade.